A ASSUSTADORA história satânica por trás da cruz de cabeça para baixo

 

Ícones do Satanismo

Ao longo dos anos, o medo do desconhecido e a fascinação pelo proibido influenciaram muitos aspectos de nossa sociedade. Esses fatores certamente estão presentes no tema de hoje, já que vamos falar sobre ícones do satanismo. O mundo atual e a história da humanidade estão repletos de assuntos avessos ao cristianismo, e um deles é a cruz invertida.

Cruz Invertida

No filme de 1973, "O Exorcista", a cruz invertida é utilizada como uma representação do demônio, como um símbolo do anticristianismo. Essa cruz aparece no longa que mostra uma entidade maligna chamada Pazuzu possuindo o corpo de uma menina de 12 anos. O filme de terror de 1968, "Bebê de Rosemary", do diretor Roman Polanski, também utiliza esse simbolismo para invocar a ideia do maligno. Atualmente, por conta dessas representações na mídia, a cruz invertida é extremamente relacionada ao profano e ao satanismo.

No entanto, sua origem está bem longe dessas coisas. O símbolo tem origem cristã e desde sempre foi usado por fiéis como símbolo de piedade. Segundo a tradição cristã católica, o apóstolo Pedro foi morto em uma crucificação. Pedro foi uma das maiores figuras que pregavam sobre Jesus no primeiro século. A Bíblia diz que em apenas um discurso seu foram convertidas quase 3.000 pessoas. A Igreja Católica Apostólica Romana considera este apóstolo como o primeiro dos papas. Perseguido pelo Império Romano na época, Pedro foi condenado a morrer crucificado. Porém, como servo de Cristo, o discípulo não se considerava digno de morrer como seu mestre, por isso sua petição envolveu ser pregado em uma cruz, mas com a cabeça para baixo e os pés para cima. Assim, como a cruz passou a ser um símbolo cristão que mostra o amor e o sacrifício, a cruz invertida se tornou uma forma de evidenciar a humildade de Pedro. Portanto, o símbolo pouco tem a ver com o satanismo em sua origem.

Atualmente, há outros usos para a cruz invertida. Bandas de heavy metal e punk rock gostam de usá-la para evidenciar seu antiautoritarismo. Bem, um símbolo anticristão ainda maior foi colocado na porta do Coliseu em Roma durante o mês de março de 2020, como parte de uma exibição homenageando a cidade de Cartago. Uma imensa estátua do deus Moloque foi colocada na entrada do Coliseu.

Moloch

Moloch é um antigo deus adorado pelos cananeus e cartagineses. Como parte da adoração a essa divindade na antiguidade, seus fiéis precisavam sacrificar seus próprios filhos. As estátuas continham uma abertura na barriga do deus que era usada como fornalha. Ali, as crianças eram depositadas e morriam queimadas como sacrifício ao deus Moloch. Como o povo hebreu conviveu com os cananeus, essa prática era bastante conhecida no tempo bíblico. O deus pagão e seu culto são citados várias vezes no Antigo Testamento. No livro de Levítico, Deus deixa bem claro que adorar a esse deus e sacrificar seus filhos a ele era uma abominação.

Essa divergência entre cristianismo e Moloque deixa a exposição ainda mais polêmica. Afinal, vários cristãos foram executados no Coliseu a mando de ditadores romanos durante a antiguidade. Por causa disso, a Igreja Católica tornou o local um memorial para os mártires cristãos. Tal local ser guardado por um deus pagão é no mínimo intrigante. Atualmente, a figura de Moloque é associada à prática do aborto, já que sua adoração envolvia o assassinato de crianças. A questão gerou um reboliço nos cristãos. Alguns turistas que estavam ansiosos para conhecer o ambiente histórico de Roma não se sentiram muito bem-vindos com essa situação. Apesar de tudo, é importante pensar que não se tratava de um culto a um antigo deus, apenas uma representação. A figura colocada na frente do Coliseu era baseada em uma estátua de Moloque usada no filme mudo "Cabíria" de 1914.

Pentagrama

Partindo para o próximo símbolo do satanismo, chegamos ao pentagrama. Essa figura é geralmente usada na magia e no ocultismo, associada à proteção, perfeição e até ao próprio diabo. O pentagrama existe desde o antigo Egito, e foram encontrados vestígios também na antiga Mesopotâmia e em moedas gregas. No entanto, não estava tão conectado ao mal assim. Na Grécia, o pentagrama era associado à filosofia e à matemática. Pitágoras o usava como símbolo de saúde e conhecimento. Os gregos utilizavam o símbolo para evitar o mal. Na Judeia, seu uso era como marca registrada de cobradores de impostos. Esse uso positivo também pode ser observado na Idade Média. A estrela de cinco pontas simbolizava as cinco virtudes de um cavaleiro e servia para defender os portadores de bruxas, espíritos malignos e demônios.

Entretanto, a partir do século X, o pentagrama se tornou algo mais ligado às ciências ocultas. Cornélius Agripa o usou para simbolizar o homem como o trabalho perfeito de Deus, enquanto o ocultista Eliphas Lévi incluiu outros símbolos. Lévi associou o pentagrama aos quatro elementos, além de envolvê-lo com a astrologia e a existência humana. Mas a coisa tomou outros rumos quando caiu nas mãos dos maçons. O grupo adaptou o pentagrama ao adicionar um "G" do Grande Arquiteto no meio. Assim, foi usado ao longo do século XIX como símbolo para várias coisas: homem, demônio, proteção e magia estavam entre os significados.

O uso evoluiu e hoje o símbolo praticamente pertence a religiões neopagãs, como a religião Wicca. Seu uso é feito dentro de um círculo chamado de pentáculo. Suas pontas representam ar, fogo, terra, água e espírito. Além disso, representa o masculino e o feminino. Para os wiccanos, três pontas são da divindade tripla e duas são para o deus cornudo, conhecido como Cernunnos. Neopagãos consideram que o pentagrama pode ser usado para invocar ou banir espíritos. Nos Estados Unidos, é possível usar o símbolo em sua lápide como forma de fé.

Porém, o uso mais polêmico do pentagrama acontece quando duas de suas pontas estão para cima e uma para baixo. Essa formatação, que lembra a figura de um bode, remete à magia negra e à adoração ao diabo. O pentagrama invertido consta no sigilo de Baphomet, um dos principais símbolos da Igreja de Satã. A instituição é uma organização ateísta que evoca o imaginário do diabo, mas na verdade não adora divindade alguma. Rituais e cultos também não são obrigatórios para os seguidores do pensamento. Desde que a estrela de cinco pontas ganhou essas conotações, tornou-se evitada pelos cristãos.

Clube do Fogo do Inferno

Para encerrarmos nossa lista de práticas e símbolos associados ao satanismo, falaremos de um clube. Talvez você tenha ouvido falar do Hellfire Club, em português, Clube do Fogo do Inferno. Apesar de sua representação diferente em mídias atuais, o clube começou em 1718 através de Philip, um duque inglês. O objetivo era parodiar os clubes de cavalheiros da época. O Clube do Inferno admitia homens e mulheres, ao contrário dos originais. Ali, os membros zombavam da religião e de suas hipocrisias. O líder do clube era chamado de "o diabo" e os membros eram incentivados a irem vestidos como personagens bíblicos. Cerimônias religiosas eram teatralizadas de formas cômicas. Havia refeições profanas, como a "torta do Espírito Santo" e o "lombo do diabo".

Três anos depois, o clube encerrou suas atividades. Porém, influenciou a criação daquele que realmente espalharia o nome do Clube do Fogo do Inferno: Sir Francis Dashwood fundou a Ordem dos Frades de São Francisco de Wycombe, um nome bonito para um clube de obscenidade. Dashwood era conhecido pela paixão à promiscuidade e pelo talento para o drama. A sede do grupo ficava na Abadia de Medmenham, que foi decorada com estilo gótico. Em um dos vitrais era possível encontrar a frase francesa que significava "Faça o que quiser". As paredes do local eram decoradas com atividades eróticas dos membros e a biblioteca da abadia continha diversos livros de conteúdo adulto, as reuniões ocorriam duas vezes por ano na forma de uma assembleia e de uma semana de duração, cada participante era motivado a levar donzelas convidadas. Vestidos de máscaras e mantos os membros do clube atravessavam o rio Tamisa para chegar à Abadia, onde eram recebidos com uma mistura de conhaque e enxofre, oferecido aos deuses das trevas. As atividades envolviam o paganismo e o alcoolismo. Com o decorrer das horas, os afazeres se espalhavam pela abadia e tornavam-se cada vez mais obscenos. Uma certa lenda disse que chegaram a usar um babuíno fantasiado de demônio, que inclusive amedrontou muita gente. Bom, o clube não conseguiu se manter sigiloso para sempre e após alguns anos encerrou suas atividades.

Esses símbolos e práticas, cada um a seu modo, provocam fascínio e medo. Qual deles você considera mais intrigante?

Obrigado pela leitura! Até a próxima.

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