O livro MALDITO de São Cipriano

 

A História de São Cipriano

Hoje, considerado um santo, São Cipriano é venerado pela Igreja Ortodoxa e Católica como cristão de Antioquia. Acho que vocês sabem da relação de São Cipriano com a bruxaria e o ocultismo. Pelo fato de muitas pessoas não terem conhecimento sobre a história de vida de São Cipriano, eu irei lá e recontar alguns segredos sobre esse homem que já foi considerado bruxo, mas hoje é uma santidade.

São Cipriano e a Magia

São Cipriano é conhecido como o santo que espanta todos os males, mas, antes de ser consagrado, ele realizava o que era chamado de magia negra. Bom, como todos sabem, esse tema é preconceituoso; neste vídeo, vamos fazer referência a esse tipo de magia como maléfica. Então, antes de começar a contar os segredos de São Cipriano, eu preciso esclarecer uma coisa pra vocês.

Dois São Ciprianos

Existem dois São Ciprianos. Muitos dizem que São Cipriano de Antioquia foi um feiticeiro que, depois de se envolver com uma mulher cristã, se converteu ao catolicismo. Outros contam a história de São Cipriano de Cartago, um homem que viveu na mesma época e também tinha envolvimento com magia e ocultismo. O problema é que essa história se mistura pelo fato de os dois terem vivido na mesma época. Então, fiquem sabendo que existem dois Ciprianos, mas no vídeo de hoje eu irei falar de São Cipriano de Antioquia.

A Vida de Cipriano

São Cipriano, nascido em 250 d.C. na cidade de Antioquia, uma região onde hoje é a cidade de Antakya, na Turquia, vindo de uma família de pagãos muito rica. Desde criança, Cipriano foi influenciado aos estudos na feitiçaria e do ocultismo, como alquimia, astrologia, entre outros tipos de magia. Com apenas sete anos de idade, ele já era considerado um jovem mago, e dizem que desde essa época ele sabia fazer coisas como invocar trovões, ventos e até formar tempestades. Aprendiz de feiticeiro em meias estranhas, ele logo se apaixonou pelos mistérios envolvendo ciências ocultas e não demorou muito para que a cidade de Antioquia se tornasse pequena para Cipriano. O bruxo, como muitos o chamavam, iniciou uma caminhada pelo mundo, absorvendo conhecimento de várias culturas diferentes.

Viagens e Aprendizados

Com 10 anos de idade, Cipriano foi para Argos, na Grécia, onde aprendeu coisas sobre a arte do engano, espiando deuses antigos. Tempos depois, ele partiu para a ilha grega de Icaria, a serviço da deusa Diana. De lá, ele foi para Esparta, o lugar onde aprendeu tudo o que sabia sobre os ritos da necromancia, a suposta arte de se comunicar com o mundo espiritual para obter informações do passado e do futuro, ou do pós-vida, por meio da evocação dos mortos ou dos espíritos, usando ou não os restos mortais das pessoas.

Conversão ao Cristianismo

Cipriano cresceu e se tornou um homem, um grande bruxo. Com 20 anos de idade, ele chegou ao Egito, especificamente na cidade de Mênfis. Foi nessa cidade que ele aperfeiçoou seus encantamentos e feitiços. No seu 30º aniversário, Cipriano chegou à cidade de Caldeirão, no sul da Mesopotâmia, com a intenção de conhecer a cultura ocultista da região. Ele conheceu a bruxa de Évora, com quem intensificou os seus estudos e aprimorou a técnica de primórdios. Quando a bruxa morreu, ela deixou todos os seus manuscritos para Cipriano, que os estudou intensamente. Assim, depois de anos e anos de estudo, Cipriano ficou muito famoso e respeitado, além de ser temido pelos lugares onde passava.

Na sua volta a Antioquia, Cipriano se estabeleceu na região como um grande feiticeiro. Porém, foi na sua própria cidade natal que Cipriano iria se converter ao cristianismo, por causa de uma mulher chamada Justina. Justina era uma mulher rica e muito bela. Seu pai, Edeso, e sua mãe, Cledônia, eram pagãos e educaram sua filha seguindo essas tradições. Entretanto, depois de escutar as pregações sobre Cristo, Justina se converteu ao cristianismo e passou a dedicar sua vida a fazer orações. Além disso, ela também se consagrou e preservou sua virgindade, vivendo sob voto de pureza.

Nessa época, Justina estava prometida para Agládio, um jovem rico da região. Os pais da moça, que também tinham se convertido ao cristianismo, concederam a mão da filha para o jovem, mas ela não aceitou se casar com ele. Agládio então resolveu fazer algo para Justina mudar de ideia. Ele recorreu aos poderes do feiticeiro Cipriano para tentar fazer, digamos assim, uma amarração amorosa. Cipriano tratou logo de fazer o seu trabalho. Ele fez um pacto de luxúria sobre Justina e ofereceu sacrifícios ao demônio. Mas algo estava errado. A magia de Cipriano não fazia efeito, e logo ele descobriu que as orações e o sinal da cruz de Justina estavam defendendo a donzela.

Mas Cipriano, um feiticeiro experiente, estudado e temido pelas pessoas, por que seus feitiços não tinham efeito em Justina? Isso fez com que ele ficasse completamente desiludido com sua fé. Eusébio, um amigo cristão de Cipriano, tratou de convertê-lo para o cristianismo. O bruxo realmente estava desiludido com sua antiga crença, tanto que, segundo conta a história, ele queimou boa parte dos seus manuscritos de feitiçaria e ainda fez caridades, distribuindo seus bens para os pobres da região.

Existe uma história curiosa envolvendo o bruxo sobre quando ele se converteu. Em uma noite de sexta-feira, enquanto caminhava em uma rua deserta, Cipriano se deparou com 14 fantasmas; entre eles, alguns eram de bruxas que estavam implorando por sua ajuda. Cipriano então declarou aos fantasmas que tinha se convertido ao cristianismo, que havia se arrependido de sua vida de feiticeiro e que agora era temente a Jesus Cristo. Depois disso, Cipriano dormiu profundamente e sonhou que a oração do anjo custódio o livraria dos fantasmas. De fato, Cipriano acordou do sonho e, auxiliado pela oração de São Gregório e do anjo custódio, ele se livrou das almas atormentadas daquelas bruxas.

Perseguição e Morte

Porém, mesmo se convertendo ao cristianismo, a história de Cipriano e Justina não agradou o imperador Diocleciano. Os dois então foram perseguidos, presos e torturados. Cipriano e Justina foram forçados a negar a fé cristã. Ela foi pisoteada, e ele, açoitado com um pente de ferro. Mesmo assim, eles se recusaram a negar a fé cristã. Diocleciano não gostou nada disso e resolveu fazer coisas mais cruéis. Cipriano e Justina foram jogados numa caldeira fervente de banha e cera. Porém, eles não mostravam muito sofrimento e, mais uma vez, se recusaram a renunciar à fé.

Diocleciano então finalmente resolveu ordenar a morte de Justina e Cipriano. No dia 26 de setembro de 304, os dois foram decapitados nas margens do rio Galo, em uma cidade chamada Nicomédia. Os corpos de Cipriano e Justina ficaram expostos por seis dias, até que alguns cristãos recolheram os corpos e os levaram para Roma. Já no império de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João de Latrão.

O Livro de São Cipriano

Essa foi a história desde o nascimento até a morte de Cipriano. Entretanto, existem alguns outros fatos que não costumam ser citados por aí. Existe um livro que circula pelo mundo, principalmente no Brasil, que é o "Grimório de São Cipriano". Esse livro é repleto de rituais de ocultismo e exorcismo, supostas magias e simpatias. Além disso, o "Livro da Capa Preta", como é conhecido, reúne preparo de amuletos, orações para a saúde, amor, prosperidade, quebra de malefícios, dentre outras.

A obra também traz regras e instruções para religiosos que vão tratar de doenças que são resultados de feitiçaria ou obras dos espíritos do mal. Dividido em dez partes, essa obra é a única que contém a oração da "Cabra Preta Milagrosa". O "Livro de Cipriano" tem poderes ocultos que o bruxo aprendeu nas centenas de viagens feitas, inclusive os ensinamentos da famosa bruxa de Évora.

Mas vem cá, onde é que o livro de Cipriano entra na história, sendo que ele morreu sem escrever o tal "Livro da Capa Preta"? Esse assunto é discutido por estudiosos há muito tempo. O famoso livro já estava escrito antes de Cipriano se converter. Porém, como eu citei anteriormente, ele queimou boa parte dos manuscritos com seus feitiços e magias quando se converteu ao cristianismo, certo?

A questão é que não se sabe quando e quem reuniu os registros, os traduziu do hebraico para o latim e, posteriormente, os distribuiu pelo resto do mundo. O livro de Cipriano sofreu várias alterações, principalmente adaptações de acordo com as necessidades e possibilidades modernas. Todos esses fatores colocam em dúvida a veracidade e fidelidade das versões mais recentes.

Atualmente, é possível encontrar várias edições da obra, como a de capa preta, a capa de aço, ou aquelas intituladas como "autêntico", "verdadeiro", "o único". A fama de São Cipriano como feiticeiro conhecedor dos segredos diabólicos se alastrou por toda a cristandade, e sua atitude de queimar sua obra só fez aumentar a cobiça pelo conteúdo dela. O desejo pelo conteúdo do livro de São Cipriano fez muitas pessoas pagarem muito dinheiro pela simples possibilidade de possuir o grimório.

Com muito do que ficou associado e atribuído à magia maléfica, no Brasil, o livro se tornou um manual ocultista de fácil acesso que se dilui na crendice popular. A verdade mais aceita sobre o livro de Cipriano é que alguém compilou todos os manuscritos de São Cipriano, já que a obra só apareceu séculos depois da sua morte. O que se sabe é que a primeira edição do livro saiu em 1846, fazendo com que o livro seja pseudepigráfico.

Sendo assim, mesmo que muitas pessoas acreditem que a obra realmente foi escrita por São Cipriano, e ainda que os feitiços funcionem, não se sabe quem escreveu este livro tão temido e amado por muitos. Existem também os mitos que o cercam, onde muitos consideram ser pecado lê-lo ou mesmo tocá-lo. De qualquer forma, São Cipriano e tudo que o cerca é um amplo campo de estudo e pesquisa interessante para quem gosta de ocultismo.

Conclusão

Mas e aí, você conhecia a confusa história de Cipriano, o homem que já foi bruxo, mas morreu cristão? Por hoje, eu fico por aqui, mas temos um encontro marcado no próximo vídeo da Fatos Desconhecidos. Tchau!

Comentários

Postagens mais visitadas